MÁRCIO COSTA - Editor-Chefe
A solenidade que teve início às 17h30 contou com a presença de representantes dos mais diversos segmentos sociais da cidade de Mossoró, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, (Uern), professores do ensino médio, profissionais da área médica e estudantes lotaram o auditório do Serviço Social da Indústria (Sesi) por aproximadamente 2 horas.
O evento começou com as explanações da idealizadora do projeto, deputada estadual Sandra Rosado, que falou do pioneirismo da cidade de Mossoró em diversos projetos como arma para a solidificação da idéia que visa integrar a estrutura da Uern à Faculdade de Ciências da Saúde e logo após o curso de Medicina. "Mossoró contou com a primeira Faculdade de Ciências Econômicas do Estado. É uma cidade que possui bons hospitais, bons laboratórios que poderão ser utilizados na instalação do curso. É uma cidade pólo e merece ocupar este espaço que ainda se mantém aberto no Rio Grande do Norte", destaca Sandra Rosado.
Dos 164 municípios do Rio Grande do Norte, 132 não possuem médicos residentes, o que equivale a afirmar que 80% dos municípios norte-riograndenses encontram-se dependentes dos médicos flutuantes que atuam em dias fixos e limitados durante a semana.
Um dos maiores ganhos do projeto está direcionado diretamente ao fortalecimento da interiorização da medicina no Estado. "O interior do Estado paga muito caro para contar com serviços médicos e mesmo assim sofre para contar com assistência diária, principalmente pelos seus filhos não retornarem às suas origens após se formarem em medicina. Queremos formar os médicos no interior para que estes se mantenham em suas cidades realizando um trabalho de qualidade, mas para isso teremos que contar com uma estrutura de graduação em medicina no interior do Estado", destaca a deputada.
Parcerias devem viabilizar a implantação do curso em Mossoró
Na última semana o governador Garibaldi Filho solicitou ao reitor da Uern, professor Walter Fonseca, um estudo que aponte quais os gastos necessários para instalar e dar continuidade ao curso de Medicina em Mossoró. "Estamos montando uma equipe e dentro de 120 dias entregaremos o estudo ao governador", destaca Walter Fonseca.
A iniciativa deve contar com uma parceria mista envolvendo os municípios da região de Mossoró, o governo do Estado e o governo federal. "A nossa proposta levará em conta o envolvimento de diversos segmentos públicos de forma que a proposta se torne executável e sem comprometimento da estrutura estadual. Contactaremos os prefeitos da região e estudaremos uma fórmula de participação do governo federal", destaca Walter Fonseca.
A idéia do reitor é reforçada pela professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Klívia Mota.
Klívia, que é lotada na Maternidade-Escola Januário Cicco, falou da participação do Sistema Único de Saúde na viabilização dos projetos de capacitação universitária utilizando a estrutura de 3 hospitais de Natal. "A universidade basicamente entra com o pagamento de pessoal, os demais recursos são oriundos de parcerias das quais o SUS é uma das mais fortes", frisa.
A médica, que veio a Mossoró exclusivamente para participar da mobilização, reafirmou a necessidade de instalação de um segundo curso de Medicina no Estado e que a partir de uma matéria veiculada num jornal natalense se interessou em estar presente ao evento. "Vi a notícia num jornal e me interessei em vir a Mossoró para acompanhar de perto o início deste projeto. Nossa estrutura está saturada e sem dúvidas a instalação de um curso de Medicina no interior só viria a somar com todo o complexo que já existe na capital", conclui Klívia Mota.
Caminho - O projeto de instalação da Faculdade de Ciências da Saúde e do curso de Medicina encontra-se tramitando na Assembléia Legislativa e deve ser votado no segundo semestre.
A pós a votação e a sanção do governador o projeto teria 18 meses para a instalação da Faculdade de Ciências Médicas e de 24 meses para a criação do curso de Medicina.Evento levantou discussão em torno da proposta
Após o relato da deputada Sandra Rosado, os presentes à mobilização abriram discussão em torno da idéia e exporam as suas opiniões com relação ao projeto que já foi encaminhado à secretaria da Assembléia Legislativa do Estado.
Segundo o reitor da Uern, professor Walter Fonseca, as barreiras que estão sendo impostas pelos opositores políticos da deputada não devem ser tratadas como intransponíveis pelos que acreditam na idéia. "Já nos deparamos com situações similares quando surgiu a idéia da criação da Faculdade de Ciências Econômicas, do curso de Agronomia e do curso de Medicina Veterinária. É normal que algumas pessoas pensem que Mossoró não tem condições de receber o curso, mas isso não impedirá que a idéia ganhe a proporção que os demais projetos de sucesso na área do ensino de graduação alcançaram ao longo destes anos", destaca Walter Fonseca.
Um dos momentos de maior impacto na mobilização se deu pelo depoimento da aposentada Maria Conceição Dantas, que afirmou ter reacendido um sonho antigo com a proposta de criação do curso de Medicina em Mossoró. "Meu filho tem um sonho que é o de ser um profissional da área médica. Há muito tempo eu vinha trabalhando para abafar este seu sonho. A proposta de instalação de um curso de Medicina em Mossoró me deu forças para incentivá-lo a estudar e ter este sonho realizado, mesmo que para isso eu tenha que fazer faxina ou vender picolé", revela Maria Dantas.
Nos momentos que antecederam a solenidade, mais de 150 assinaturas foram colhidas em apoio a execução do projeto e serão anexadas ao relatório de popularização da implantação do curso de Medicina em Mossoró.
FONTE: JORNAL O MOSSOROENSE, EDIÇÃO DO DIA 28 DE JUNHO DE 2001(QUINTA-FEIRA)
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